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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Quais seriam as diferenças entre Aprendizagem e Desenvolvimento?


Aprendizagem: Conhecimento adquirido e internalizado; Mais da ordem do social; Fruto da interação do sujeito com o meio; Adquirido e socializado; Desenvolvimento intelectual depende do potencial do indivíduo; Acontece de acordo com uma ação espontânea ou estimulada.
Desenvolvimento: Processo em que o indivíduo constrói seu conhecimento; Construção e desenvolvimento das estruturas internas; Formação das estruturas; Processo natural dentro das possibilidades e limites do indivíduo; Independente do aprendizado formal; Natural, intuitivo; Desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral etc.
Para Piaget, aprendizagem está relacionada com a experiência e pode ser compreendida em dois sentidos:
- strictu sensu – sentido restrito, em função da experiência, ao tentar realizar alguma coisa.
- lato sensu – sentido amplo – se confunde com o desenvolvimento, é o sentido restrito mais o processo de equilibração; só a experiência não basta.
Está relacionado com a construção das estruturas. Ao falar de desenvolvimento, devemos ter sempre em conta seus fatores para Piaget:
1) maturação – tempo que transcorre enquanto o organismo vai adquirindo condições para construir determinadas estruturas;
2) experiência – agir sobre o meio, experimentar, tentar transformar o meio. Neste aspecto podemos explicar os conceitos de experiência física (agir sobre os objetos - cor, textura, forma, reação ...) e experiência lógico-matemática (das ações e da coordenação – bola de madeira sobe menos que a de plástico quando jogada para cima ...);
3) social – divididas em interações sociais (com os pares ou com adultos) e transmissão social (escolar, familiar etc.);
4) equilibração – fator que coordena todos os demais. A aprendizagem está relacionada com o conteúdo que a ação envolve.
Como a escola tem lidado com as questões das aprendizagens e do desenvolvimento?
•Ponto de vista do adulto é transmitido sem que haja preocupação com a compreensão pelo aluno;
•A apresentação desta visão acabada não dá oportunidade para que o aluno desenvolva sua autonomia;
•A escola acredita que cumpre sua missão apenas transmitindo conhecimentos para o aluno memorizar; porém o ensino assim realizado foge da realidade da vida do aluno.
•A criança deve ser desafiada, deve ser estimulada a levantar idéias e hipóteses sobre aquilo que se pretende que ela aprenda.
•O professor deve procurar conhecer seus próprios limites e tentar superá-los.
Algumas causas das Dificuldades para Aprender:
Da criança: atraso geral no desenvolvimento; estruturas de conjunto (criança que até passa de ano, mas é por mecanização); atraso no desenvolvimento de uma estrutura ou na construção do real (tempo, espaço, causalidade, linguagem).
Circunstancial: Familiar; Escolar; Social; Falta de solicitação.
Classificação das crianças com Dificuldade de Aprendizagem, por grupos: (Segundo Ramozzi-Chiarottino).
Grupo A: são as crianças mais comprometidas, desconhecem: regularidades da natureza, não possuem noção de tempo, espaço e causalidade, não agem sobre o meio e sobre os objetos, não conhecem os limites de suas ações.
Como consequência, estas crianças possuem uma representação de mundo caótica, retardo na aquisição da linguagem, impedimento na comunicação por problemas com a aquisição da língua materna.
Para superar as dificuldades destas crianças, seriam necessárias atividades que propiciem a construção e a coordenação de seus esquemas motores; interações com o meio; compreensão das ações; compreensão das propriedades dos objetos e percepção das regularidades da natureza.
Grupo B: crianças capazes de falar, representar e operar, mas não organizam o real, não percebem a diferença entre o real e o fantástico. Intervir com estas crianças significaria propiciar interações com o meio, experimentá-lo, agir sobre ele, relatar o que foi visto e feito, vivenciado.
Grupo C: a criança é restrita ao presente, não chega a identidade por falta de organização, não estabelece classes e séries, para a criança passar deste nível, ruma à compreensão, é necessário estruturar o real, organizar, buscar explicações para o mundo físico.
Grupo D: são as crianças que ainda não construíram as estruturas mentais esperadas nas idades em que estão. Apresentam dificuldades com relação ao real, ou seja, não se localizam no tempo e no espaço e não estabelecem relações entre causa e efeito. Vivem fora da realidade. São crianças que não apresentam distúrbios físicos ou mentais mas que apresentam dificuldades em aprender.
Aqui se pode fazer um interessante paralelo com os erros, uma vez que estes são os mais aparentes “sintomas” do não aprender.
Para Vinh-Bang, que trabalhou com os erros, as insuficiências nas produções escolares das crianças devem ser analisadas como possibilidades de se avaliar o trabalho a ser realizado, focando-o de acordo com as necessidades da criança. Segundo este autor, os erros, e sua devida intervenção, podem ser:
Individuais: Conteúdo específico-Deve-se verificar o conteúdo.
Vários conteúdos: Deve-se verificar as estruturas ou o professor.
Coletivos: Conteúdo específico-Deve-se verificar o professor da disciplina.
Vários conteúdos: Deve-se verificar a metodologia e a forma de trabalhar.
IMPORTANTE:
No que diz respeito ao psicopedagogo, é necessário o desempenho de um papel ativo, uma tomada de posição que se baseie na “intervenção”, na detecção e na remediação do problema.
A natureza e a origem das insuficiências devem ser determinadas, coisas que geralmente escapam do professor. Esta intervenção, com base na epistemologia genética piagetiana, pressupõe assegurar o funcionamento dos instrumentos cognitivos que favorecem uma estruturação operatória e reestruturar os conhecimentos lacunares.